quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A Verdadeira Sala de Aula da Geografia

A importância do estudo de campo como metodologia de aprendizagem nas aulas de Geografia do 1º ano de ensino médio na E.E.F.M. Dona Antônia Lindalva de Morais Milagres-Ce
Professor: José Maria Tavares de Castro Júnior

Muitas escolas de ensino médio no ensino público do estado do Ceará já são contempladas com a instalação de laboratórios de química, física, biologia e informática, demostrando a preocupação com o desenvolvimento do pensamento científico e as práticas na área de ciência e tecnologia. A geografia por sua vez, que é uma área por sua própria natureza transdisciplinar, não é contemplada como suas disciplinas irmãs com práticas para o desenvolvimento do pensamento científico geográfico. Tais práticas poderiam ser alcançadas nessa disciplina com o apoio do governo do estado as aulas de campo para turmas de ensino médio, destinando onibus e material de apoio nos estudos de campo, sendo esse o laboratório da ciência geográfica. Segundo Piaget o ser humano diferencia-se dos demais animais devido capacidade de ter um pensamento simbólico e abstrato. Piaget ainda nos diz que o comportamento é controlado através de organizações mentais denominadas “esquemas”, que o indivíduo utiliza para representar o mundo e para designar as ações. Não se trata aqui de discorrer sobre as teorias da aprendizagem de Piaget e outros, mas mostrar a importância das aulas de campo em geografia e como seus conceitos: Paisagem, lugar, território, região, dentre outros, vão adquirindo significado à medida que os alunos vão reconstruindo seus esquemas metais através dos processos de assimilação e acomodação discutidos por Piaget. A observação em campo da paisagem é fundamental nesses dois processos, construindo novos esquemas, símbolos e representações levadas para sala de aula, desenvolvendo a linguagem não verbal dos mapas e imagens utilizados durante todo o conteúdo, onde os alunos constroem suas habilidade e competências.
Segundo Piaget, possuímos estágio de desenvolvimento, dois deles na faixa etária dos alunos de 1º ano do ensino médio:

Estádio operatório-concreto (dos 6/7 aos 10/11 anos) - a criança começa a construir conceitos, através de estruturas lógicas, consolida a conservação de quantidade e constrói o conceito de número. Seu pensamento apesar de lógico, ainda está preso aos conceitos concretos, não fazendo ainda abstrações.

Estádio operatório-formal (dos 10/11 aos 15/16 anos) - fase em que o adolescente constrói o pensamento abstrato, conceptual, conseguindo ter em conta as hipóteses possíveis, os diferentes pontos de vista e sendo capaz de pensar cientificamente.

Devido à deficiência na aprendizagem dos alunos que ingressam no 1º ano do ensino médio, vindos de escolas públicas do município, muitos ainda se encontram no estágio operatório-concreto e as aulas de campo servem como uma experiência capaz de acelerá-los para o estágio posterior.
Colaborando com as idéias de Piaget, Vygotsky, que olhou mais para a interação social como fonte primária da cognição e do comportamento, desenvolveu a teoria socio-cultural do desenvolvimento cognitivo. Ele propôs que o desenvolvimento não precede a socialização. Ao invés, as estruturas sociais e as relações sociais levam ao desenvolvimento das funções mentais. Ele acreditava que a aprendizagem na criança podia ocorrer através do jogo, da brincadeira, da instrução formal ou do trabalho entre um aprendiz e um aprendiz mais experiente. Vygostky via o desenvolvimento cognitivo como dependendo mais das interações com as pessoas e com os instrumentos do mundo da criança,instrumentos que são reais: canetas, papel, computadores; ou símbolos: linguagem, sistemas matemáticos, signos, desenvolvendo-se em dois níveis: interpessoal e intrapessoal.
Outro a contribuir na defesa das aulas de campo como instrumento eficiente de aprendizagem é Wallon, pois acreditava que “o indivíduo é social não como resultado de circunstâncias externas, mas em virtude de uma necessidade interna”. A escola deve proporcionar formação integral (intelectual, afetiva e social) a criança. Wallon foi o primeiro a levar não só o corpo da criança, mas também suas emoções para dentro da sala de aula. Fundamentou suas idéias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa. Em uma viagem, aula de campo, os alunos são submetidos a diferentes imagens, paisagens, constroem relações mais profundas com os colegas e professores, dividindo curiosidades, alegrias, compartilhando experiência e emoções necessárias na convivência dentro da sala de aula e na escola como um todo, combatendo a indisciplina e motivando-os nos estudos de todas as disciplinas.