sábado, 21 de maio de 2011

O Espaço geográfico

o conceito de espaço geográfico pode ser definido, segundo Santos como sendo um “sistema de objetos e sistemas de ações”. Sendo o espaço geográfico um conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações, sua definição varia com as épocas, isto é, com a natureza dos objetos e a natureza das ações presentes em cada momento histórico. Já que a técnica é também social, pode-se lembrar que sistemas de objetos e sistemas de ações em conjunto constituem sistemas técnicos cuja sucessão nos dá a história do espaço geográfico. O espaço geográfico é o produto, o resultado, o processo, a causa e a conseqüência da interação entre os sistemas concretos e abstratos de uma sociedade com os ecossistemas terrestres, ou seja, na história os objetos naturais vão sendo substituídos por objetos técnicos como portos, estradas e cidades. Milton Santos também nos diz que o meio técnico científico informacional tende a universalizar o meio geográfico, ao que chamamos hoje de globalização.
Os lugares convertem o próprio conhecimento em um meio técnico científico informacional, criando territórios da informação na gestão global desses conhecimentos.
Podemos chamar o conjunto desses lugares que se superpõem no meio geográfico através do meio técnico cientifico informacional de sociedade da informação, pois esta sociedade sofre a imposição dos lugares, uma homogeneização e encontra resistência gerando conflitos e múltiplas territorialidades. A informação é tudo aquilo que é traduzido pelos nossos sentidos: audição, visão, paladar, tato. No entanto, quando processamos a informação na nossa rede neural, geramos o que podemos chamar de percepção. O conceito de percepção, no sentido mais amplo, é caracterizado por um processo de cognição em que os procedimentos mentais se realizam mediante o interesse ou a necessidade de estruturar a nossa interface com a realidade e o mundo, selecionando as informações percebidas, armazenando-as e conferindo-lhes significado. (Vicente del Rio e Lívia de Oliveira).
No processo de aprendizagem a informação pode ou não gerar conhecimento, e o número de eventos a partir de uma única informação não pode ser previsto. Por isso a experiência de cada indivíduo é única e adquire peso diferente na história.
A sociedade da informação pode ser compreendida como a sociedade em que o processo, a velocidade e o acesso a informação atingiram níveis nos quais as transformações na própria sociedade refletem a forma como cada lugar organiza-se e faz a gestão do conhecimento resultante dos fluxos das percepções individuais que transcenderam para não uma, mas uma diversidade de sociedades que tentam sobrepor-se umas as outras, na forma de um conflito entre os lugares. O lugar pode ser compreendido como a parte do espaço geográfico em que grupos de indivíduos se identificam pelas peculiaridades: língua, religião, estilo de vida. Essas pessoas acabam por se reconhecer em escalas de identidade nos diferentes grupos: grupos da igreja, da rua, do bairro, da cidade, do estado, de um país. A medida que a área aumenta o nível de identidade diminui, permitindo que novos grupos sejam formados. No entanto, o espaço geográfico, não se limita ao espaço físico, territorial, mas a toda forma de espaço que permita o indivíduo expandir sua percepção. Enquanto o território, área física, o indivíduo, percebe com seus sentidos através do seu corpo o meio a sua volta e transforma o lugar, os meios técnicos criados a partir do conhecimento gerado criam novos lugares e ampliam nossas percepções. A televisão, a internet, o rádio, os meios de comunicação funcionam como extensões de nossos corpos, que podem alterar a percepção que teríamos se tivéssemos contato direto com os lugares ampliados através dessas redes e que fazem pressão nas sociedades para que aceitem a sua forma de compreender, sistematizada e organizada no sistema de ensinos das escolas e conteúdos didáticos, normas, leis, cultura e religião. Todo esse conhecimento além de engessar as sociedades, gera conflitos de identidade cada vez maiores, podendo levar a choques cada vez maiores ou, se tivermos sorte, a uma mudança na sociedade, pela necessidade de sobrevivência a essa nova condição que o espaço nos condiciona.
O lugar é o aspecto invisível do espaço geográfico, enquanto o visível fica a cargo da paisagem que dá suporte as nossas percepções para valoração e tomada de decisão, gerando nossas atitudes e os efeitos sobre a sociedade.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

I Corrida do Conhecimento




O evento acontecerá em maio deste ano, como resultado dos trabalhos realizados nas turmas de 1º ano da E.E.M. Dona Antônia Lindalva de Morais.

AGUARDE!!!!!!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A Verdadeira Sala de Aula da Geografia

A importância do estudo de campo como metodologia de aprendizagem nas aulas de Geografia do 1º ano de ensino médio na E.E.F.M. Dona Antônia Lindalva de Morais Milagres-Ce
Professor: José Maria Tavares de Castro Júnior

Muitas escolas de ensino médio no ensino público do estado do Ceará já são contempladas com a instalação de laboratórios de química, física, biologia e informática, demostrando a preocupação com o desenvolvimento do pensamento científico e as práticas na área de ciência e tecnologia. A geografia por sua vez, que é uma área por sua própria natureza transdisciplinar, não é contemplada como suas disciplinas irmãs com práticas para o desenvolvimento do pensamento científico geográfico. Tais práticas poderiam ser alcançadas nessa disciplina com o apoio do governo do estado as aulas de campo para turmas de ensino médio, destinando onibus e material de apoio nos estudos de campo, sendo esse o laboratório da ciência geográfica. Segundo Piaget o ser humano diferencia-se dos demais animais devido capacidade de ter um pensamento simbólico e abstrato. Piaget ainda nos diz que o comportamento é controlado através de organizações mentais denominadas “esquemas”, que o indivíduo utiliza para representar o mundo e para designar as ações. Não se trata aqui de discorrer sobre as teorias da aprendizagem de Piaget e outros, mas mostrar a importância das aulas de campo em geografia e como seus conceitos: Paisagem, lugar, território, região, dentre outros, vão adquirindo significado à medida que os alunos vão reconstruindo seus esquemas metais através dos processos de assimilação e acomodação discutidos por Piaget. A observação em campo da paisagem é fundamental nesses dois processos, construindo novos esquemas, símbolos e representações levadas para sala de aula, desenvolvendo a linguagem não verbal dos mapas e imagens utilizados durante todo o conteúdo, onde os alunos constroem suas habilidade e competências.
Segundo Piaget, possuímos estágio de desenvolvimento, dois deles na faixa etária dos alunos de 1º ano do ensino médio:

Estádio operatório-concreto (dos 6/7 aos 10/11 anos) - a criança começa a construir conceitos, através de estruturas lógicas, consolida a conservação de quantidade e constrói o conceito de número. Seu pensamento apesar de lógico, ainda está preso aos conceitos concretos, não fazendo ainda abstrações.

Estádio operatório-formal (dos 10/11 aos 15/16 anos) - fase em que o adolescente constrói o pensamento abstrato, conceptual, conseguindo ter em conta as hipóteses possíveis, os diferentes pontos de vista e sendo capaz de pensar cientificamente.

Devido à deficiência na aprendizagem dos alunos que ingressam no 1º ano do ensino médio, vindos de escolas públicas do município, muitos ainda se encontram no estágio operatório-concreto e as aulas de campo servem como uma experiência capaz de acelerá-los para o estágio posterior.
Colaborando com as idéias de Piaget, Vygotsky, que olhou mais para a interação social como fonte primária da cognição e do comportamento, desenvolveu a teoria socio-cultural do desenvolvimento cognitivo. Ele propôs que o desenvolvimento não precede a socialização. Ao invés, as estruturas sociais e as relações sociais levam ao desenvolvimento das funções mentais. Ele acreditava que a aprendizagem na criança podia ocorrer através do jogo, da brincadeira, da instrução formal ou do trabalho entre um aprendiz e um aprendiz mais experiente. Vygostky via o desenvolvimento cognitivo como dependendo mais das interações com as pessoas e com os instrumentos do mundo da criança,instrumentos que são reais: canetas, papel, computadores; ou símbolos: linguagem, sistemas matemáticos, signos, desenvolvendo-se em dois níveis: interpessoal e intrapessoal.
Outro a contribuir na defesa das aulas de campo como instrumento eficiente de aprendizagem é Wallon, pois acreditava que “o indivíduo é social não como resultado de circunstâncias externas, mas em virtude de uma necessidade interna”. A escola deve proporcionar formação integral (intelectual, afetiva e social) a criança. Wallon foi o primeiro a levar não só o corpo da criança, mas também suas emoções para dentro da sala de aula. Fundamentou suas idéias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa. Em uma viagem, aula de campo, os alunos são submetidos a diferentes imagens, paisagens, constroem relações mais profundas com os colegas e professores, dividindo curiosidades, alegrias, compartilhando experiência e emoções necessárias na convivência dentro da sala de aula e na escola como um todo, combatendo a indisciplina e motivando-os nos estudos de todas as disciplinas.